terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Evolução do conceito de mensagem


Olá a todos,

à luz da temática deste blog, considerámos adequado comentar um interessante artigo de John Hartley: «Homo Nuntius - the messaging human?». Neste texto o autor procura traçar um esboço relativo à evolução do conceito de mensagem.

No início dos anos 60 do século passado, Marshall Mcluhan adverte-nos em relação ao poder que os media exercem sobre a mensagem num contexto de comunicação mediada. Ao afirmar que «the medium is the message», na verdade Mcluhan desvaloriza o conteúdo da mensagem, propriamente dito, em detrimento do veículo de transmissão da mesma - o media. Á data,vivíamos numa era em que imperava um modelo de comunicação unilateral, sendo que os produtores de conteúdo desempenhavam, de forma exclusiva, o papel de emissores da mensagem, pelo que ás massas atomizadas cabia o papel passivo de meros receptores desse conteúdo (mensagem). Neste sentido, a mensagem assume um papel fulcral, na medida em que é utilizada como arma de manipulação da sociedade de massas, num contexto de propaganda política e comercial.

Com efeito, as indústrias culturais produziam a sua mensagem a partir de um sistema de representação do real, em detrimento do significado do real. O público era tido como um «objecto» e não como um gerador de significado. De facto, o que importava não era o conteúdo da mensagem mas antes a forma como esta era formatada pelo meio.

Porém, com a revolução cultural, levada a cabo no final dos anos 60, esta realidade começa a ganhar nova forma. É também nesta altura que surge a internet, desenvolvida sob um contexto industrial e militar. A sociedade em rede começa gradualmente a ganhar os seus contornos, na medida em que a internet potencia o incremento de uma comunidade participativa no conteúdo dos próprios media. Assim sendo, o público deixa de ter um papel passivo, enquanto mero receptor de informação, tornando-se também no produtor/receptor da mesma. O indivíduo deixa de ser encarado como uma simples partícula - parte integrante das massas - e passa a ser visto como um participante activo e directo na vida em sociedade.

Uma das características da posmodernidade é assim o triunfo do cidadão informado, enquanto membro de uma comunidade participatória, cortesia das redes sociais e da «migração para o online digital dos mass media tradicionais» (Gustavo Cardoso, in os Media na Sociedade em Rede). É aqui que surge o conceito de Homo Nuntius, susceptível de descrever o próprio processo evolutivo do ser humano. A mensagem deixa de ser algo externo ao indivíduo, tornando-se numa parte integrante de si mesmo. Com efeito, através da forma como o Homo Nuntius se apresenta fisicamente em sociedade, ou seja a roupa e estilo que enverga, é possível descortinar bastante informação acerca do mesmo, bastando para tal um simples olhar fortuito ao seu "layout".

A era da imagem e da informação transformou-nos em mensagens ambulantes e produtores de significados. Se não acreditam vejam por exemplo, as diversas tribos urbanas que existem... Não será possível identificá-las observando, somente, o tipo de vestuário e estilo com o qual se apresentam diante do nosso olhar?

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